segunda-feira, 6 de julho de 2015

A Mercantilização das cesarianas no Brasil promovido pelos Planos de saúde







'Desvalorização' do parto normal torna o Brasil líder mundial de cesáreas


Especialistas ouvidos pela BBC Brasil também citam desinformação entre razões que favoreceram surgimento da 'indústria da cesárea' no país.



Em 2013, a economista Sâmia Lacerda engravidou pela primeira vez. Assim que descobriu a gravidez, ela já teve certeza que deixaria o bebê chegar ao mundo de forma natural. "Quando eu engravidei do meu primeiro filho em 2013, eu já tinha isso na cabeça. Parto normal ou parto natural. Eu não tive dúvidas, quando a bolsa rompeu e as contrações começaram a apertar eu fui para a casa de parto, fui muito bem recebida. Foi uma experiência incrível, tanto que assim que eu terminei de parir eu adorei parir, quero parir outro, tanto que não demorou um ano e cinco meses que eu tive meu segundo filho. Essa experiência que no caso eu tive pela segunda vez, eu acho que é isso. É questão do respeito. Tanto do corpo da mulher e do bebê, quanto das práticas médicas mesmo, entende. As mulheres sabem parir e os bebês sabem nascer. Abri mão do plano duas vezes para parir pelo SUS e não me arrependo. Acho que vale a pena experimentar isso."


De acordo com o Ministério da Saúde, a decisão da Sâmia não poderia ter sido melhor. Afinal, o parto natural oferece a mulher a oportunidade de ter uma recuperação rápida, livre de infecções, hemorragias, além de aumentar o vínculo entre a mãe e o bebê. Para a coordenadora de Saúde da Mulher, do Ministério da Saúde, Esther Vilela, o melhor parto é aquele com o menor número de intervenções. "Todo parto normal deveria ser o mais natural possível. Sem intervenções, sem medicamentos. São feitos alguns procedimentos que tornam o parto mais sofrido, mais doloroso. Mas o parto não precisa ser assim. Por isso, nós falamos do parto natural. O parto natural é o parto que respeita o corpo da mulher com acolhimento, com privacidade, com respeito às mulheres, tornando o momento do parto significativo para as mulheres, reduzindo essas intervenções desnecessárias."


A coordenadora de Saúde da Mulher, Esther Vilela, lembra ainda que o Ministério da Saúde incentiva a redução das cesarianas desnecessárias no Brasil. "A Organização Mundial da Saúde diz que somente 15% das mulheres é que precisariam de cesariana, ou seja, de 100 mulheres, só 15 vão precisar de cesariana. A mulher deve sempre encarar que ela tem competência para o parto normal. Então, o Ministério da Saúde está induzindo a todas as maternidades, as equipes e os profissionais a adotarem as boas práticas.




ENTRAM EM VIGOR NOVAS REGRAS SOBRE PARTO NA SAÚDE SUPLEMENTAR

Começam a valer a partir desta segunda-feira (06/07) as novas regras estabelecidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para estimular o parto normal e reduzir as cesarianas desnecessárias. Com a entrada em vigor da Resolução Normativa nº 368, as operadoras de planos de saúde, sempre que solicitadas, deverão divulgar os percentuais de cirurgias cesáreas e de partos normais por estabelecimento de saúde e por médico. Também serão obrigadas a fornecer o Cartão da Gestante e a Carta de Informação à Gestante, no qual deverá constar o registro de todo o pré-natal, e exigir que os obstetras utilizem o Partograma, documento gráfico onde é registrado tudo o que acontece durante o trabalho de parto.



“O parto é um dos momentos mais importantes na vida de uma mulher e de sua família e nós acreditamos que, ao fornecer informações qualificadas à mulher, ao informá-la sobre os riscos que podem ser gerados em decorrência de um procedimento cirúrgico desnecessário, ela estará mais segura na decisão em relação ao seu parto, escolhendo o melhor para sua saúde e a de seu bebê”, afirma o diretor-presidente da ANS, José Carlos de Souza Abrahão. “Essa medida é parte de uma estratégia maior da ANS, que busca incentivar o setor – beneficiárias de planos de saúde, operadoras, hospitais e médicos - a mudar o modelo de assistência ao parto e nascimento, promovendo uma crescente melhoria nos cuidados à gestante e à criança”, completa.


O Partograma passa a ser considerado parte integrante do processo para pagamento do procedimento. Nos casos em que houver justificativa clínica para a não utilização do documento, deverá ser apresentado um relatório médico detalhado. Se a cirurgia for eletiva, o relatório médico deverá vir acompanhado do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pela beneficiária, que substituirá o Partograma no processo de pagamento do procedimento.


Com o Cartão da Gestante, qualquer profissional de saúde terá conhecimento de como se deu a gestação, facilitando um melhor atendimento à mulher quando ela entrar em trabalho de parto. A Carta de Informação à Gestante contém orientações e informações para ela tenha subsídios para tomar decisões e vivenciar com tranquilidade o parto. E o Partograma é importante para casos em que, por exemplo, haja troca de médicos durante o trabalho de parto. Nele devem constar informações como se a mulher é diabética, tem hipertensão, que remédios está tomando, como estão as contrações, se há sofrimento fetal, se o parto não progride, entre outras.



As informações sobre as taxas de partos devem estar disponíveis no prazo máximo de 15 dias, contados a partir da data de solicitação. As operadoras que deixarem de prestar as informações solicitadas em cumprimento à Resolução Normativa pagarão multa de R$ 25 mil.


“Para ter acesso aos números de partos normais e de cesáreas, a beneficiária deverá solicitar à operadora, através dos canais de comunicação disponibilizados - telefone, e-mail, correspondência ou presencialmente. Os dados devem ser fornecidos por escrito e em linguagem clara”, explica Raquel Lisbôa, gerente-geral de Regulação Assistencial da ANS.


Campanha Parto é Normal – Para oferecer às beneficiárias de planos de saúde um conjunto completo de informações sobre as novas regras e envolver todo o setor nas ações de incentivo ao parto normal, a ANS também está lançando a campanha “Parto é Normal”. Todas as informações relativas à nova normativa e demais ações implementadas pela Agência, bem como dados importantes que possibilitem à gestante tomar a decisão mais adequada sobre o parto estão sendo disponibilizadas no portal da ANS, em uma área específica dedicada ao tema. Há ainda duas peças gráficas – um folder e um cartaz – que podem ser baixadas do portal, para que operadoras, prestadores e demais interessados em participar das ações ajudem a divulgar a campanha. Acesse a página aqui.


Desde 2004 a ANS vem trabalhando para promover o parto normal e reduzir o número de cesarianas desnecessárias na saúde suplementar. Entre as ações, se destacam a inclusão, no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, de cobertura obrigatória para parto acompanhado por enfermeira obstétrica e acompanhante (sem custos adicionais) durante pré-parto, parto e pós-parto imediato; e o Projeto Parto Adequado, que visa mudar o modelo de atenção ao parto, baseado nas melhores evidências científicas disponíveis. O projeto é desenvolvido em parceria com o hospital Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI), com apoio do Ministério da Saúde.



Riscos associados à cesariana - Atualmente, o percentual de partos cesáreos na saúde suplementar é de 84,6%. A cesariana, quando não tem indicação médica, ocasiona riscos desnecessários à saúde da mulher e do bebê: o parto prematuro aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe. Cerca de 25% dos óbitos neonatais e 16% dos óbitos infantis no Brasil estão relacionados a prematuridade.


Texto retirado .blog.saude.gov.br



Situações vivida por muitas grávidas no Brasil hoje, especialmente entre as classes mais altas, em um processo que muitos especialistas vêm chamando de 'a indústria da cesárea brasileira. Nos dias atuais sabemos que a grande maioria dos médicos principalmente os de convênios fazem com que as gestantes optem pela cesariana, e sempre com o discurso de que é parto programado sempre é uma melhor opção e também na questão das dores do parto em que as mães principalmente aquelas que vão ser mães pela primeira vez sempre ficam fragilizadas e volúveis nesses momentos tão esperado por elas. Além de ser a causa de mais da metade das mortes de crianças no país, a prematuridade pode trazer uma série de riscos para o bebê,especialmente doenças respiratórias e dificuldades de mamar. eles também não se beneficiam do fato de entrar em contato com hormônios benéficos liberados apenas em certos estágios do trabalho de parto e sem contar que a cesária corre todos os riscos de uma cirurgia qualquer com riscos de hemorragias e tudo mais. Tive dois filhos por parto normal, minha recuperação foi super rápida e sem contar que pude curtir e amamentar meus filhos super bem, e o mesmo aconteceu com minha mãe que teve 8 filhos e que 7 foram com parteira.


Mas porque o Brasil começou a mergulhar nesta verdadeira epidemia de cesáreas? Falhas profundas na regulamentação do sistema de saúde e uma lógica perversa na gestão de profissionais e obstetras que, por questões financeiras acabaram perdendo o hábito de fazer partos normais são algumas das causas principalmente pela falta da informação que acerca o assunto e principalmente a mercantilização desenfreada com planos de saúde e até mesmo os particulares que visam lucros e não se importando com a questão do ser humano, inclusive dos direitos das mulheres optarem por sua vontade no momento que para elas é sublime e único.

Por Célia Regina



DESINFORMAÇÃO

Uma pesquisa feita pela Fiocruz ("Trajetória das Mulheres na definição pelo parto cesáreo") acompanhou 437 mães que deram à luz no Rio, na saúde suplementar. No inicio do pré-natal, 70% delas não tinham a cesária como preferencia. Mas 90% acabaram tendo seus filhos assim - em 92% dos casos, a cirurgia foi realizada antes de a mulher entrar em trabalho de parto. 

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